quarta-feira, 30 de julho de 2008

Existem ou existirão Guerras pela água?

Considerados o grande negócio do século XXI, os serviços de saneamento básico são disputados ferozmente pelas grandes multinacionais do setor, de olho num mercado potencial de US$ 400 mil milhões por ano.
São francesas as duas maiores do mundo – Veolia Environnement e Grupo Suez . Juntas operam 80% dos serviços em seu país de origem e estão presentes em todos os continentes, inclusive América do Sul. Em 2004, a Veolia faturou € 24,6 mil milhões; a Suez, € 40,7 mil milhões.
Muito mais que competência técnica, conforme afirma a propaganda das sofisticadas brochuras distribuídas pelos agentes da privatização, o segredo do êxito está em práticas impublicáveis. Ou eram assim até o lançamento do livro Les véritès inavouables de Vivendi (As verdades inconfessáveis da Vivendi), de autoria do sindicalista Jean Luc Touly.
Também presidente da seção francesa da Associação pelo Contrato Mundial da Água, no início de março, ele esteve no Brasil a convite do Governo do Paraná – que disputa o controle da Sanepar com o consórcio liderado pela Vivendi-Veolia – e relatou parte dessas manobras. No dia 8, participou em São Paulo de debate sobre o tema, realizado pelo Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores de Água, Esgoto e Meio Ambiente), com apoio do SEESP, IMG (Instituto Maurício Grabois) e outras entidades.

Segundo Touly, o salto vertiginoso que a Vivendi e a Suez deram a partir dos anos 50, quando prestavam serviços a apenas um terço dos municípios franceses, deveu-se principalmente ao “direito de entrada”. “Em troca de contratos de 30 ou 40 anos, elas concediam empréstimos às administrações locais, a juros de 15%, bastante altos, mas que seriam pagos pelo consumidor juntamente com a tarifa.” O artifício, contou ele, foi proibido em 1993. No entanto, encontram-se formas de burlar o bloqueio. “Muito comum tornou-se o superfaturamento na compra de anúncios em jornais municipais. As empresas pagavam até 20 vezes o preço normal. Outro modo é financiar os times de futebol das cidades, que têm verbas das prefeituras”, relatou.
Contrato garantido, é preciso fazer com que a conquista valha a pena. Um jeitinho para maximizar os lucros é incluir na conta de água do consumidor taxas e serviços os quais ele sequer conhece. “Por exemplo, os investimentos feitos são avaliados a cada seis meses e cobrados. O problema é que o cidadão não tem qualquer controle sobre isso.”
No que diz respeito às obras e manutenção que a empresa está obrigada a fazer por contrato, há também diversas possibilidades de ganho. Esses serviços são contratados sem licitação, muito freqüentemente de subsidiárias do mesmo grupo. “Apenas com esse tipo de irregularidade, a Vivendi ganhou € 5 mil milhões.”
Abocanhar mercados mundo afora exige outros artifícios. Em países muito pobres ou vítimas de catástrofes, um bom caminho é a “ajuda humanitária”. “Primeiro, mobiliza-se uma missão com o pretexto de ajudar as populações que estão sem suprimento de água. Depois, chega a equipe comercial para convencer o poder público a conceder o serviço, sempre com o apoio do Banco Mundial.”
Em nações como o Brasil, em que há infra-estrutura e capacidade técnica, a receita é diferente. “Nesses casos, entram pelas bordas, com um contrato de assistência técnica ou para a construção de uma estação de tratamento”, ensina Touly. Além disso, não aparecem abertamente, mas atuam por meio de uma pequena filial local ou em sociedade com companhias do país.
Nesse campo, as PPPs (Parcerias Público-privadas) têm a função de assegurar total garantia ao investidor privado. “Legitimam os contratos de tal forma que fica impossível rompê-los”, explicou.
Corroborando as denúncias feitas pelo sindicalista, a socióloga boliviana Maria Esther Udaeta, que também participou das discussões sobre o tema em São Paulo e no Paraná, relatou as conseqüências da privatização da água em seu país. A luta acirrou-se em 2000, quando houve a “Guerra da Água” em Cochabamba e a Bechtel United Utilities foi literalmente posta para correr. Hoje, a disputa se dá em La Paz e El Alto, contra a Águas de Illimani, controlada pela Suez. Embora o contrato tenha sido cancelado por decreto presidencial, após uma paralisação de três dias em janeiro, a empresa segue operando os serviços. A situação já motivou até uma greve de fome dos ativistas.
Tamanha revolta explica-se por práticas de gestão ultrajantes. Quando ganhou o contrato em 1997, a companhia foi a única concorrente e as regras foram alteradas para que ela se encaixasse nas exigências. Embora alegue ter investido US$ 58 milhões, estima-se que US$ 55 milhões sejam créditos do Banco Mundial para a Bolívia. Assim, teriam desembolsado de fato apenas US$ 3 milhões.
No entanto, segundo Udaeta, que é membro da Comissão para a Gestão Integral da Água na Bolívia, sequer esse acordo de compadres a Suez se digna a cumprir. “Deveria fornecer água potável à região das oito bacias que ganhou na concessão. Entretanto, concentrou-se nos locais mais populosos e deixou de lado grandes áreas. Em El Alto, 25% não têm acesso à água e não terão a não ser que eles próprios paguem pela ligação, ao custo de US$ 400. E estamos falando de gente que vive com US$ 1 por dia.”
A partir daí, segue-se longa lista de irregularidades. Não instalaram medidores de consumo e cobram arbitrariamente; a tubulação de esgoto está dentro das casas para que, ao se romper, seja problema do morador; e subiram e dolarizaram as tarifas.


A água no mundo

A quantidade de água doce no mundo estocada em rios e lagos, pronta para o consumo, é suficiente para atender de 6 a 7 vezes o mínimo anual que cada habitante do Planeta precisa. Apesar de parecer abundante, esse recurso é escasso: representa apenas 0,3% do total de água no Planeta. O restante dos 2,5% de água doce está nos lençóis freáticos e aqüíferos, nas calotas polares, geleiras, neve permanente e outros reservatórios, como pântanos, por exemplo.
Se em termos globais a água doce é suficiente para todos, sua distribuição é irregular no território. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48%, e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2%. Além disso, as demandas de uso também são diferentes, sendo maiores nos países desenvolvidos.
O cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas - o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas de saúde pública.

Disponibilidade e distribuição da Água

Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios do mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões do País.
O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semi-Árido, onde os rios são pobres e temporários. Essa água, no entanto, é distribuída de forma irregular, apesar da abundância em termos gerais. A Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a maior concentração populacional do País tem disponível 6% do total da água.
Mesmo na área de incidência do Semi-Árido (10% do território brasileiro; quase metade dos estados do Nordeste), não existe uma região homogênea. Há diversos pontos onde a água é permanente, indicando que existem opções para solucionar problemas socioambientais atribuídos à seca.

A Escassez da Água Potável no Mundo

Em breve a água será causa principal de conflitos entre nações. Há sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Mas também os brasileiros, que sempre se consideraram dotados de fontes inesgotáveis, vêem algumas de suas cidades sofrerem falta de água. A distribuição desigual é causa maior de problemas. Entre os países, o Brasil é privilegiado com 12% da água doce superficial no mundo.

Outro foco de dificuldades é a distância entre fontes e centros consumidores. É o caso da Califórnia (EUA), que depende para abastecimento até de neve derretida no distante Colorado. E também é o caso da cidade de São Paulo, que, embora nascida na confluência de vários rios, viu a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas quase dobrou a proporção de água sem tratamento (de 3,9% para 7,2%) e o desperdício ainda assusta: 45% de toda a água ofertada pelos sistemas públicos.
A água limpa está cada vez mais rara na Zona Costeira e a água de beber cada vez mais cara. Essa situação resulta da forma como a água disponível vem sendo usada: com desperdício - que chega entre 50% e 70% nas cidades -, e sem muitos cuidados com a qualidade. Assim, parte da água no Brasil já perdeu a característica de recurso natural renovável (principalmente nas áreas densamente povoadas), em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados, mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água.
Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. A baixa eficiência das empresas de abastecimento se associa ao quadro de poluição: as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40% e 60%, além de 64% das empresas não coletarem o esgoto gerado. O saneamento básico não é implementado de forma adequada, já que 90% dos esgotos domésticos e 70% dos afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas, o que tem gerado um nível de degradação nunca imaginado.

sábado, 19 de julho de 2008

Água nas metrópoles, o risco da escassez

Nos últimos 60 anos, a população mundial duplicou. No mesmo período, o consumo de água pelas diferentes atividades humanas aumentou em sete vezes, enquanto a quantidade de água existente permanece igual. Aumentou, na mesma proporção, a degradação deste recurso fundamental para o desenvolvimento de todas as formas de vida na Terra. A deterioração e o uso excessivo têm relação direta com o homem, em especial com o crescimento e a diversificação de atividades agrícolas e industriais, aumento da urbanização e intensificação de atividades humanas nas bacias hidrográficas.
A combinação do desperdício da água com a poluição dos mananciais - com exceção das regiões do planeta em que há limitações naturais - é a principal razão da escassez da água já ser um problema real para boa parte da população mundial, em especial para a que vive nas grandes cidades do planeta.
Estudos recentes alertam que 2,6 bilhões de pessoas (algo em torno de 40% da população mundial) não têm acesso a saneamento adequado e um bilhão não tem acesso à água de boa qualidade. Ao contrário do que se pode pensar, parcela significativa desta população não está em áreas remotas, mas sim nas grandes cidades, onde vive metade da população mundial, ou 3,3 bilhões de pessoas. Até 2025, as previsões apontam para um aumento de 2 bilhões de pessoas na população do planeta. Esse crescimento se dará principalmente nas cidades dos chamados “países em desenvolvimento”. O aumento da população urbana, aliado ao mau uso e poluição da água, aponta um quadro preocupante, onde garantir água de boa qualidade nas grandes cidades será um dos principais desafios deste século.
O chamado “estresse hídrico” – relação entre disponibilidade natural e os diversos usos que o homem faz da água, como produção de alimentos, abastecimento público, geração de energia, diluição de esgotos, controle de enchentes, entre tantos outros – já é uma realidade em metrópoles mundiais, inclusive nas capitais de países ricos. Um dos casos emblemáticos é o de Londres, que depende dos reservatórios formados pelos rios Tamisa e Lee. A rede de distribuição de água da cidade é muito antiga - um terço dela tem mais de 150 anos e mais da metade tem mais de um século – e apresenta altos níveis de perda, devido aos vazamentos. A situação se agrava com o prolongado período de estiagem e conseqüente diminuição do volume de chuvas na região nos últimos anos, o que tem levado as autoridades locais a planejar captações de água em mananciais distantes e dessalinização de águas salobras e marinhas para atender a demanda crescente.
Casos como o da capital inglesa tendem a surgir com mais freqüência no cenário mundial em função de mudanças no regime de chuvas. Essas mudanças vêm ocorrendo em vários locais do planeta, inclusive no Brasil, e prenunciam um cenário ainda mais sombrio de restrição do acesso à água em um futuro próximo, com proporções gigantescas caso as previsões sobre as alterações no clima, já nas próximas décadas, se confirmem.
A boa notícia é que algumas cidades já acordaram para a questão da proteção de suas fontes de água para garantir a produção e abastecimento a sua população – e outras sempre estiveram despertas. A preservação das áreas de mananciais para abastecimento de Tóquio teve início em 1901. Essas áreas estão localizadas nas nascentes dos principais rios (Tama, Tore e Ara) e protegidas por uma imensa floresta de 21.631 hectares. A manutenção desta floresta garante o fornecimento de água em quantidade e qualidade para o maior aglomerado urbano do planeta – vivem na Grande Tóquio mais de 31 milhões de pessoas, que consomem 6,23 bilhões de litros de água a cada dia, o equivalente a 200 litros per capita.
Já Nova Iorque iniciou, durante a década de 1990, um amplo programa de uso racional da água e proteção das bacias hidrográficas, que se mostrou mais econômico do que o investimento necessário para ampliar e tratar água de pior qualidade. Entre as ações desenvolvidas destacam-se um programa de subsídios para a substituição de todas as válvulas de descarga em cada uma das residências – o que resultou em diminuição do consumo e conseqüente aumento da sobrevida dos mananciais disponíveis para abastecer a cidade. Também foram executados um programa de gestão territorial compartilhada, incluindo a aquisição de terrenos em porções ambientalmente sensíveis das áreas de mananciais pela prefeitura da cidade e acordos com os proprietários das áreas de mananciais que, em troca da proteção, passaram a receber compensações financeiras.
Mas o avanço na gestão de seus recursos hídricos e proteção dos mananciais fazem de Nova Iorque e Tóquio exceções e exemplos a serem seguidos. Xangai, uma das maiores cidades chinesas, por exemplo, enfrenta enormes desafios nesta área. Sua maior fonte de água, o rio Huangpu, está tão contaminado por poluentes industriais e agrícolas que não registra vida aquática há mais de 20 anos. O rio Yangtze, a fonte alternativa de água, vem sofrendo com o aumento de salinidade em seus trechos mais baixos, resultado dos reduzidos níveis de água liberados pela maior barragem do mundo, a das Três Gargantas. Ao mesmo tempo, o lençol freático existente no subsolo de Xangai está sofrendo crescente contaminação da água do mar. A situação na capital do país não é muito melhor: dos 21 reservatórios superficiais que abastecem Pequim, 4 estão totalmente secos e apenas 3 são considerados fontes de água satisfatórias para consumo humano.
A Cidade do México é o principal exemplo de super exploração das águas subterrâneas. Estima-se, que é extraído dos aqüíferos da região um volume de água 30 a 65% superior aos níveis de recarga, fazendo com que os mananciais do subsolo estejam diminuindo a um ritmo médio de 1 metro por ano. Em alguns locais, o afundamento do solo provocado pela redução do nível das águas dos aqüíferos chegou a 7,5 metros abaixo do nível original, o que também tem provocado mais inundações e danos à rede de água e de drenagem, contaminando todo o sistema. Para piorar, as áreas de recarga dos mananciais vêm sendo ocupadas pela expansão da cidade, que cresce, em média, 250 hectares por ano. Para cada hectare ocupado, perdem-se 1.700 m³ de recarga anual dos aqüíferos - quantidade de água suficiente para abastecer 1.500 famílias.
As fontes de água alternativas da Cidade do México estão cada vez mais distantes e os métodos para trazer água são caros e vulneráveis, além de implicar na disputa pela gestão do recurso entre diferentes estados da federação. Apesar deste quadro, o consumo diário médio per capita dos 19 milhões de habitantes da capital mexicana é de abusivos 364 litros dia – a ONU recomenda um consumo médio diário per capita de 110 litros. O risco de escassez ainda aumenta diante da cifra de água desperdiçada: estima-se - de acordo com o último levantamento disponível - que a perda de água na distribuição local seja de 35% do total de água retirada dos mananciais.
O Brasil, pátria de 12% de toda a água doce superficial do planeta, é páreo duro na competição com o México para ver quem joga mais água limpa fora. Um estudo divulgado em novembro passado pelo Instituto Socioambiental (ISA) lançou luz sobre a situação do abastecimento público e saneamento básico nas 27 capitais brasileiras. O levantamento revela que praticamente metade da água retirada dos mananciais das capitais (45%) é desperdiçada em vazamentos, fraudes e sub-medições. A quantidade de água jogada fora é estimada em 6,14 bilhões de litros por dia (2.457 piscinas olímpicas) e seria suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas por dia, ou a população de um país como a Argentina.
O levantamento sobre as coberturas e desperdícios nas redes públicas de abastecimento e saneamento tem como base os dados fornecidos pelas concessionárias prestadoras dos serviços para o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades (ano base 2004). Leia a seguir algumas constatações:
Abastecimento de água• Apenas seis das 27 capitais atendem à totalidade de sua população;• Apesar da média de cobertura ser de 90%, Porto Velho, Rio Branco e Macapá cobrem apenas 30,6%, 56,2% e 58,5% da população, respectivamente.
Consumo de água• A média de consumo per capita nas capitais é de 150 litros por dia;• São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória apresentam os maiores consumos (mais de 220 litros/habitante/dia). A ONU recomenda 110 litros.
Perda de água (desde vazamentos até sub-medições e fraudes)• A água perdida diariamente nas capitais seria suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas/dia (considerando o consumo de cada capital);• A capital campeã do desperdício é Porto Velho, com 78,8% do total;• Em termos de volume perdido, o Rio de Janeiro é a capital que mais joga água fora – um volume diário equivalente a 618 piscinas olímpicas!
Outro ponto que o estudo avaliou foi a situação do esgotamento sanitário nas grandes cidades do País. O descaso e a ausência de investimentos no setor de saneamento em nosso País, em especial nas áreas urbanas, são flagrantes. Quase metade da população residente nas capitais brasileiras (45% da população ou 19 milhões de pessoas) tem seus esgotos despejados nos rios e no mar sem qualquer tratamento. E uma parcela significativa desta população (13 milhões de habitantes) não tem sequer a coleta e o afastamento dos resíduos, e convive de perto – na porta ou nos fundos da casa - com a poluição. Manaus, Belém e Rio Branco apresentam os piores índices, com menos de 3% de seus moradores atendidos pelo serviço.
Enchentes, lixo, contaminação dos mananciais, água sem tratamento e doenças apresentam uma relação estreita. Diarréias, dengue, febre tifóide e malária, que resultam em milhares de mortes anuais, especialmente de crianças, são transmitidas por água contaminada com esgotos humanos, dejetos animais e lixo. Estima-se que 70 % das internações na rede pública de saúde estão relacionadas com doenças transmitidas pela água.
Omissão histórica
Nos anos 80, os investimentos no setor foram centralizados juntamente com o Estado Brasileiro. O Plano Nacional de Saneamento (Planasa) incentivou a concessão de serviços para as companhias estaduais e contribui para diminuir a atuação dos municípios. Entre suas metas, estava o atendimento de 90% da população com serviços adequados de abastecimento de água e 65% com esgotamento sanitário, e não incluía os serviços de coleta de lixo. A situação atual dos serviços de saneamento no Brasil mostra que as metas eram ambiciosas e que a universalização destes serviços deve ser encarada como prioritária para o desenvolvimento do País. A ausência de investimentos em itens tão fundamentais como os serviços de saneamento têm impactos sobre a saúde da população e o meio ambiente.
A sustentabilidade das grandes cidades e metrópoles mundiais está diretamente vinculada com a garantia e manutenção de fontes de água para abastecimento público. Neste sentido, é fundamental que seus governantes adotem – e sejam pressionados pelas respectivas sociedades para tal - estratégias e políticas públicas que promovam a sustentação da produção atual de água, incluindo a proteção dos mananciais, a ampliação das áreas permeáveis, a diminuição dos desperdícios e perdas, juntamente com a racionalização do uso deste recurso fundamental.
São Paulo no limite
Para abastecer a população residente na cidade de São Paulo, são produzidos aproximadamente 3,4 bilhões de litros de água por dia (equivalentes a 3,4 milhões de caixas d’água ou 40 metros cúbicos por segundo). De acordo com a Sabesp, 30,8% deste total se perde no percurso entre os mananciais e a porta da casa dos 10 milhões de moradores da cidade. A água desperdiçada em São Paulo equivale a um volume de aproximadamente 1 bilhão de litros por dia (ou 1 milhão de caixas d'água). Esta perda compreende os vazamentos, mas também problemas relacionados à medição e fraudes.
O volume de água consumido na cidade de São Paulo é de aproximadamente 2,4 bilhões de litros por dia, incluindo a água que é medida pela empresa e a água que é retirada de forma clandestina das redes. A média de consumo per capita na cidade é alta, 221 litros por habitante/dia, mais do que o dobro recomendado pela ONU. Importante ressaltar que o consumo é muito desigual nas diversas regiões da cidade. Enquanto alguns bairros centrais apresentam consumo por habitante de aproximadamente 500 litros/dia, bairros periféricos da Zona Leste, por exemplo, registram consumos diários de pouco mais de 100 litros por habitante/dia.
A alta taxa de perda na rede, o elevado consumo por boa parte de seus habitantes e a degradação dos mananciais fazem com que a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) já enfrente sérios problemas para garantir água em quantidade e qualidade adequada para seus 19 milhões de habitantes. A baixa disponibilidade hídrica da região – localizada próxima às cabeceiras do Rio Tietê – foi agravada ao longo de sua história em função da poluição e da destruição de seus mananciais, entre eles os rios Tietê, Pinheiros, Ipiranga, Anhangabaú e Tamanduateí.
Hoje, para dar conta do abastecimento de sua população, a Grande São Paulo importa mais da metade da água que consome da Bacia do Rio Piracicaba, através do Sistema Cantareira - que está a mais de 70 km do centro de São Paulo e conta com seis represas interligadas por túneis. O restante da água é produzido pelos mananciais que ainda restam na região - em especial Billings, Guarapiranga e Sistema Alto Tietê - e que sofrem intenso processo de ocupação, resultante da expansão da mancha urbana dos municípios que fazem parte da metrópole. A produção de água está muito próxima da disponibilidade hídrica dos mananciais existentes, que é de 66 mil litros por segundo. Essa pequena folga coloca a região em uma situação frágil, onde um período de estiagem mais prolongado pode resultar em racionamento de água para grande parte da população.
Apesar desse quadro, as áreas de mananciais – que são protegidas por lei desde a década de 1970 - são alvos da expansão da mancha urbana dos municípios, caracterizada pelo deslocamento das populações mais carentes para as áreas periféricas. Atualmente, a mancha urbana ultrapassa os limites da área de proteção e essa expansão é caracterizada especialmente pelo abandono das áreas centrais da cidade e pelo adensamento das áreas periféricas, processos estimulados pela especulação imobiliária, criação de novos pólos industriais e de serviços e pela ausência de programas habitacionais. Toda essa dinâmica de ocupação, poluição e degradação das áreas de mananciais já pode ser sentida no bolso dos moradores da Grande São Paulo. Nos últimos cinco anos, o custo de tratamento de água nos sistemas Cantareira, Guarapiranga e Alto Tietê duplicou.
http://www.socioambiental.org/

O Desperdício da Água nas Grandes Cidades

O uso da água e o cenário atual no Brasil
O Brasil é o grande reservatório de água do mundo pois tem a maior reserva hidrológica do planeta - 11, 6 % da água doce disponível estão no Brasil, que perfazem 53% dos recursos hídricos da América do Sul. Cada brasileiro possui, em tese, 34 milhões de litros ao ano a sua disposição, um volume enorme, já que é possível levar vida confortável com 2 milhões de litros ao ano, conforme as estimativas da ONU. Mas essa água é mal distribuída, 80% concentram-se na Amazônia, onde vivem apenas 5 % dos habitantes do país; os 20% restantes abastecem 95% dos brasileiros. Várias cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais convivem com oferta anual inferior a 2 milhões de litros por habitante, para uso direto e indireto.
O consumo per capita no país dobrou em 20 anos, enquanto a disponibilidade de água ficou três vezes menor. Para piorar esse quadro, há muito desperdício. Cerca de 30% da água tratada perdem-se em vazamentos pelas ruas. A grande São Paulo desperdiça 10 m3 de água por segundo, o que daria para abastecer cerca de 3 milhões de pessoas diariamente. Sem falar nos hábitos culturais inadequados como deixar a torneira da pia aberta, tomar banhos intermináveis ou lavar calçadas com jatos de água. Pelas contas do Ministério do Planejamento, perdem-se até 40% dos 10,4 milhões de litros distribuídos anualmente pelo país. Um dos problemas é a concentração da população nas cidades, o crescimento da população é atualmente maior que a capacidade de fornecimento de água de boa qualidade. Na América Latina, 30 % da população vivem em cidades com mais de 1 milhão de habitantes, aglomerados que geram situações de gerenciamento complexo. São 92 milhões de pessoas sem acesso á água potável (32 milhões na área urbana) e 122 milhões sem esgoto sanitário (56 milhões na área urbana). A grande cidade do México e a Grande São Paulo tiveram aceleradas taxas de expansão demográfica com crescimento de sua população de 5 para 18 milhões em quatro décadas (1960 a 2000). A ocupação desordenada e a desigualdade econômica são fatores que afetam diretamente o abastecimento de água, cujo saneamento é tarefa difícil.
Outro grande desafio para gestão dos recursos hídricos está na agricultura e na pecuária. A agricultura irrigada é a que mais desvia água da natureza, utilizando 70% do volume total extraído do sistema global de rios, lagos e mananciais subterrâneos. Os 30% restantes destinam-se a fins diversos como: consumo domestico, atividade industrial, geração de energia, recreação, abastecimento e outros. Atualmente, a agricultura irrigada ocupa 17% das terras aráveis do planeta, sendo responsável por 40% da produção mundial de alimentos. Estima-se que até 2025, a atividade agrícola com uso da irrigação irá crescer de 20 a 30 %.
No Brasil, calcula-se que 50% da água captada para uso são destinadas para irrigação, em apenas 5% da área total. Um dos grandes desafios hoje é ampliar essa área, adotando técnicas e equipamentos mais eficientes, pois estima-se que apenas metade da água irrigada chega 'as raízes das plantas.
Por problemas desta natureza é que a Agência Nacional de Águas, ANA, criada em julho de 2000, tem o objetivo de disciplinar a utilização dos rios, de forma a evitar a poluição e o desperdício, para garantir água de boa qualidade para as futuras gerações. A ANA tem incentivado a criação de comitês de bacias hidrográficas primeiro nas regiões onde existe conflito entre usuários ou cujos rios estão muito poluídos. Atualmente já existem 60 comitês em atividade, responsáveis pelas decisões sobre a cobrança pelo uso das águas. Apões o processo inicial de cadastramento dos usuários, inicia-se a fase de cobrança. Questões que não podem ser resolvidas por consenso, serão decididas pela ANA. Segundo Marco Aurélio Vasconcelos de Freitas, diretor da ANA, o Comitê de Bacia é uma espécie de parlamento das águas, reunindo os usuários (industrias, agricultores, consumidores ) e o poder público (governo federal, estadual e municipal), além das organizações não governamentais e empresas privadas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ciclo Hidrológico

Devido às diferentes e particulares condições climáticas, em nosso planeta a água pode ser encontrada, em seus vários estados: sólido, líquido e gasoso. Chamamos de ciclo hidrológico. O grande motor deste ciclo é o calor irradiado pelo sol. A permanente mudança de estado físico da água, isto é, o ciclo hidrológico, é a base da existência da erosão da superfície terrestre. Não fossem as forças tectônicas, que agem no sentido de criar montanhas, hoje a Terra seria um planeta uniformemente recoberto por uma camada de 3km de água salgada. Em seu incessante movimento na atmosfera e nas camadas mais superficiais da crosta, a água pode percorrer desde o mais simples até o mais complexo dos caminhos. Quando uma chuva cai, uma parte da água se infiltra através dos espaços que encontra no solo e nas rochas. Pela ação da força da gravidade esta água vai se infiltrando até não encontrar mais espaços, começando então a se movimentar horizontalmente em direção às áreas de baixa pressão. A única força que se opõe a este movimento é a força de adesão das moléculas d’água às superfícies dos grãos ou das rochas por onde penetra. A água da chuva que não se infiltra, escorre sobre a superfície em direção às áreas mais baixas, indo alimentar diretamente os riachos, rios, mares, oceanos e lagos. Em regiões suficientemente frias, como nas grandes altitudes e baixas latitudes (calotas polares), esta água pode se acumular na forma de gelo, onde poderá ficar imobilizada por milhões de anos. O caminho subterrâneo das águas é o mais lento de todos. A água de uma chuva que não se infiltrou levará poucos dias para percorrer muitos e muitos quilômetros. Já a água subterrânea poderá levar dias para percorrer poucos metros. Havendo oportunidade esta água poderá voltar à superfície, através das fontes, indo se somar às águas superficiais, ou então, voltar a se infiltrar novamente. A vegetação tem um papel importante neste ciclo, pois uma parte da água que cai é absorvida pelas raízes e acaba voltando à atmosfera pela transpiração ou pela simples e direta evaporação (evapotranspiração). Observa-se no quadro acima que, de toda a água existente no planeta Terra, somente 2,7% é água doce. Pode-se também verificar que de toda a água doce disponível para uso da humanidade, cerca de 98% está na forma de água subterrânea. Da água que se precipita sobre as áreas continentais, calcula-se que a maior parte (60 a 70% ) se infiltra. Vê-se, portanto, que a parcela que escoa diretamente para os riachos e rios é pequena (30 a 40%). É esta água que se infiltra, que mantém os rios fluindo o ano todo, mesmo quando fica muito tempo sem chover. Quando diminui a infiltração, necessariamente aumenta o escoamento superficial das águas das chuvas. A infiltração é importante, portanto, para regularizar a vazão dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano, evitando, assim, os fluxos repentinos, que provocam inundações. Não adianta culpar a natureza. Esta relação, entre a quantidade de água que se precipita na forma de chuva, a quantidade que se infiltra, a que tem escoamento superficial imediato, e a que volta para a atmosfera, na forma de vapor, constitui uma verdade da qual não podemos escapar. As cidades são aglomerados, onde grande parte do solo é impermeabilizado, e a conseqüência lógica disto é o aumento de água que escoa, provocando inundações das áreas baixas. Se estiverem corretas as previsões de que está havendo um aquecimento global, e de que este levará ao aumento das chuvas, é de se esperar um agravamento do problema de inundações nos países tropicais.

Interferência Humana no Ciclo Hidrológico

A água utilizada pelo homem nem sempre é devolvida em condições adequadas. Além disso, a atividade humana também interfere no ciclo da água, principalmente nas cidades, com o desmatamento e a impermeabilização desordenada do solo, para a construção de ruas e habitações.
O Homem interfere no processo natural do ciclo hidrológico, onde acarreta diversos problemas, como por exemplo, inundações em algumas regiões e estiagem em outras. O simples fato de poluir os solos (através da má instalação de lixões, aterros sanitários e uso de agrotóxicos nas lavouras), os rios (despejo de esgotos domésticos e industriais nas fontes de água superficiais) e a emissão de poluentes na atmosfera (dispersão de gás carbônico por automóveis e indústrias), vai contribuir para a alteração do ciclo natural.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Processos

Precipitação consiste no vapor de água condensado que cai sobre a superfície terrestre.
Infiltração consiste no fluxo de água da superfície que se infiltra no solo.
Escoamento superficial é o movimento das águas na superfície terrestre, nomeadamente do solo para os mares.
Evaporação é a transformação da água no seu estado líquido para o estado gasoso à medida que se desloca da superfície para a atmosfera.
Transpiração é a forma como a água existente nos organismos passa para a atmosfera.
Evapotranspiração é o processo conjunto pelo qual a água que cai é absorvida pelas plantas, voltando à atmosfera através da transpiração ou evaporação directa (quando não absorvida).
Sublimação é o processo em que a água passa directamente do estado sólido ao estado gasoso, sem passar pelo estado líquido.
Condensação é a transformação do vapor de água em água líquida, com a criação de nuvens e nevoeiro.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A Biodiversidade Aquática

Os animais aquáticos constituem um grupo grande e diversificado. Vão desde espécies pequenas e inofensivas aos gigantes e poderosos das águas. Dentro deste misterioso mundo, encontramos os peixes, crustáceos, mamíferos e moluscos. As diversas espécies de animais aquáticos se distribuem em mares, oceanos e rios conforme as adaptações de cada espécie para se alimentarem e reproduzirem.
É como uma viagem a um outro mundo dentro do planeta terra.


No ambiente marinho, podemos encontrar:










Crustáceos




Molúsculos



Peixes






Mamíferos



entre outros.

Animais Aquáticos em Extinção

A extinção acontece devido:
1) ao transporte ilegal de animais;
2) desmatamento;
3) queimadas;
4) pesca esportiva;
5) poluição dos rios e mares, etc.
Sem dúvida, o homem é o principal causador da extinção.
Alguns dos diversos seres aquáticos que se encontram em extinção são:



Baleias

Tartarugas Marinhas


Cavalo - Marinho


Peixe - Boi



Tubarão